Falemos de mim, então.
De como este consultório de tanto aqui vir se parece ter entranhado na minha pele, na minha roupa, levo os medos e as taras destes doidos que aqui permanecem sentados, bem comportados, na sala de espera e depois se organizam em crimes fortuitos arquitectados na mente torcida que destorcem com outro alucinado que se intitula doutor.
Não há diferença entre eles.
Nem sequer no canudo que um aparentemente parece manejar, são todos formados em deformações, em desvios, em submundos que fazem parecer o meu uma voltinha no carrocel.
Agora sou eu, entro.
O canto do sofá à minha espera, a alcatifa à espera dos meus saltos, as paredes a aguardarem o meu ar de vómito, ele no seu trono improvisado ansioso pelo meu decote e pelos meus sons que o lubrificam na imaginação doentia.
Hoje faço-lhe a vontade.
Acaricio o meu peito enquanto falo da conversa que irei ter com o Magalhães, deixo que os mamilos rompam a seda da blusa impedindo-o de tomar notas, a caneta em riste é o simbolo do seu pobre falo que sufoca nas calças de má qualidade, enquanto os pés se roçam um no outro aumentando a excitação de uma visão de me pôr as mãos em cima.
Falo, falo, falo, debito até o atordoar, não me ouve. Nem eu a mim.
Levanto-me, estendo-lhe a mão que ele aperta suado na sua, limpo a minha à saia, sinto-me enojada, pressinto que se veio e saio.
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