segunda-feira

No dia que estive em casa da Paula e depois da longa conversa que tivémos, ao saír cruzei-me com o Magalhães.
Foi estranho.
Ficámos parados naquele meio-tempo da surpresa em que há coisas por dizer mas não queremos dar a entender que o encontro é perturbador. No fundo não há nada de especial em tê-lo encontrado ali: É sabido que é o protector da Paula, que ela o chama por tudo e por nada. Resta saber se não o aninhará na cama também; Talvez não... Ela está demasiado envenenada pelo outro para querer mais alguém a aquecê-la.
Paula estúpida.
Nada mais posso fazer, o mal foi ela que o fez.
Mas acho que ficou delimitado o risco que pisou e a impossibilidade de voltar aqui à empresa, a falta de condições emocionais e até profissionais, a normal comparação entre um antes e um após que nem mesmo eu podería esquecer. A minha ida à sua casa serviu-me para me tentar encontrar, saber se ela era o que eu tinha sido, a vandalização do corpo na mente pelo que se chama amor, eu saltei antes de chegar ao estádio em que ela está, ela não soube parar.
Ficou nesse dia e na sala escura da Paula determinado que o enterro era o seu, eu nem sequer chegava para o velório, aparecía sim, mas na posição de sempre, patroa, um ponto final no contrato de trabalho.
O objectivo da minha visita foi cumprido, não houve choros, não houve promessas sobre emendas.
Saí com um peso no peito, ainda tenho esse peso no peito. E uma funcionária de excepção a menos.
Quanto ao Magalhães, apenas uma frase. Dele.
-Edna, temos de falar.

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