sexta-feira

De repente tudo parece ter-se resolvido.
Refiro-me a mim. Ao voltar a ser aquilo que era. Ou pelo menos o que o meu fisico era, o sangrar do nariz, o fervilhar por dentro, a vontade de ter sexo.
Como um interruptor que se liga e faz luz. Como uma coisa que volta ao seu proprietário depois de ter andado desaparecida por algum tempo, mais escondida dentro de uma gaveta que não se consegue recordar onde se guardou.
Eu sou muito organizada mas parece que desta vez preguei uma partida a mim mesma e encafuei-me num armário qualquer só para me arrumar quando as visitas chegassem. Só que as visitas sou eu também.
Acontece assim, revisitar-me, mas completa, encontrar-me na fúria de todos os dias.
Sei que deixei de sentir nada. Ou seja, deixei de sentir o que pouco sentía: nem muita alegria, nem muita raiva, era tudo de raspão.
Agora não, tudo se entranha.
Como é bom voltar a casa.

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