segunda-feira

Não projectei que assim fosse, não tracei nenhum plano diabólico que me levasse aqui. E não estou arrependida que tivesse acontecido.
Ontem, quando cheguei da minha corrida da manhã tinha o Magalhães à porta da escada. Deu-me vontade de rir, encostado à ombreira, encolhido cheio de frio, a gola do sobretudo a tapar-lhe as orelhas.
Não trocámos uma única palavra. Nem à entrada, nem no elevador, nem na minha sala. Eu fui tomar banho e quando voltei ele tinha feito um chá, estendeu-me a chávena fumegante, sentou-se de frente para mim mas sem me olhar. Eu, muda. À espera do embate, da primeira palavra, decidida a ver quem cedía ao silêncio. Permanecemos assim durante muito tempo, sem som algum, até que ele me olhou nos olhos e disse o meu nome. Só disse o meu nome e ficou suspenso. Dava para ver as reticências do discurso que viría a seguir. Quase de certeza um sermão, uma repreensão, mas a forma como disse o meu nome e o modo como me olhou, a maneira como segurava entre mãos a chávena atirou-me o Magalhães para outra dimensão. E atirou-me a mim para junto dele, a beijar-lhe os olhos, a testa, a boca, a baixar-lhe a gola do sobretudo grosso, a sentir-lhe o pescoço forte e cheiroso.
Não me afastou como já o fizera. Abriu-me o roupão turco, beijou-me o umbigo, o peito, os mamilos, excitou-me. Toquei-lhe as calças e senti o pénis duro, libertei-o da roupa e ele sentou-me entrando devagar em mim. Senti o comprimento do seu pénis a entrar na minha vagina, parecía uma coisa sem fim, lenta, um acto perfeito no deslizar.
Senti-o ejacular, quente, mas não parou o movimento até eu atingir o orgasmo.
E foi muito bom, muito bom mesmo.
Ficámos abraçados, eu sentada em cima dele, ele meio vestido, o sobretudo afastado, as calças em baixo, sem dizermos nada, nada, absolutamente nada.
Depois levantou-se comigo ao colo, levou-nos ao meu quarto, arrancou a roupa de cama para trás num safanão, atirou-me e despiu-se.
O Magalhães tem um corpo belo. E já não é um jovem. Vi a erecção surgir de novo, achei-o ainda mais bonito.
Afastou-me as pernas. Passou um dedo na linha fina dos meus pêlos púbicos e depois senti a lingua molhada e quente na minha vulva, no clitoris, fechei os olhos numa sensação tão boa como há muito tempo não tinha. Sabía o que fazía, onde me dar prazer, acelerar, retardar e tudo se prolongava naquela lingua. Penetrou-me novamente. Tivémos um orgasmo quase em simultâneo.
Senti-me verdadeiramente feliz.
Agora que penso no que aconteceu, dá-me vontade de repetir. Mais e mais.
Mas não lhe sinto amor, isso eu sei.

Sem comentários: