quarta-feira

Não tenho mais ninguém a não ser a minha Mãe. Refiro-me a familia directa, claro. Depois há a roda de amigos e há o Magalhães, sem catalogação possível. Não é um namorado e é menos que meu pai, é mais do que um amigo mas não o desejo amante.
A minha Mãe bem tenta fazer de casamenteira, quando por vezes vamos ambos almoçar com ela ao Domingo. Aquelas conversas irritantes sobre prendados, a herança, netinhos.
Acabo sempre por me aborrecer e ela promete sempre que não volta a tocar no assunto, mas cai tudo em saco-roto.
O Magalhães parece lidar muito bem com este tipo de situação, graceja, dá-lhe corda, pisca-me o olho. No fundo provoca-me, sabe bem o que penso sobre isto. Mas também sabe quando é a altura de parar e evitar a minha ira, saíndo porta fora e deixá-los na companhia um do outro a fazerem projectos da carochinha.
Não me quero casar, não quero ter filhos e não quero ninguém na minha cama.
Pelo menos até de manhã.
Quero ser só.
Orgulhosamente só.
Poder chorar sem ninguém saber.

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