terça-feira

Vai para mais de dois meses que não tenho sexo.
Nada.
Nem um apetite que me leve as mãos a saciar-me. Nada.
Em contrapartida tenho sido bem fornicada pelo idiota de serviço que me cobra cada vez mais. Justificações que dispenso, como se a crise dos combustíveis estivesse intimamente ligada a psquiatria ou análise clinica; ou ele tivesse aumentado a funcionária que me atende de cabeça baixa, os óculos cravejados de vidros a imitarem pedras preciosas sempre a escorregarem pelo nariz tão pequenino que parece ter sido feito por engano; ou finalmente tivesse acertado com a cor das paredes e da alcatifa.
Masoquismo puro. Leva-me o couro e cabelo e não há qualquer evolução.
Em dois meses não se passa nada e passa-se tudo.
É uma contradição a vida.
Gosto de sexo e parece que perdi o interesse por ele.
A crise económica dispara a cada dia e eu pago mais ao meu analista.
O quarto de hóspedes finalmente está arrumado. Depois de ter devolvido a mobilia que inicialmente escolhera e ter pedido aos pintores para voltarem e taparem a cor que lá estava.
Falo todos os dias com o Magalhães mas ele não voltou a trabalhar aqui.
Vai para mais de dois meses que a minha vida se rachou numa metade perfeita, mas completamente absurda de tão arrumada.

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